terça-feira, 1 de junho de 2010

Tendências do Franchising

Em 1998 quando iniciei a minha actividade profissional no franchising, o sector era composto apenas por algumas dezenas de marcas, de origem Americana e Espanhola, e essencialmente dedicadas ao comércio, pronto-a-vestir e restauração. Passados 12 anos, esta tendência inverteu-se completamente. Estudos estatísticos recentes indicam que actuam hoje no mercado cerca de 500 marcas Franchisadoras, com 11.000 unidades Franchisadas no total. Destas marcas, mas de 60% são de origem nacional. A restauração detém 30% das unidades, 10% são lojas de comércio a retalho e 60% das unidades são prestadoras de serviços. O sector do Franchising factura por ano 5 mil milhões de euros, o que representa 3,1% do PIB, gerando cerca de 70.000 empregos em Portugal.

Nos últimos anos, verificou-se uma clara tendência de aumento do número de marcas no sector dos serviços, ao contrário do que as estatísticas do final da década de 90 diziam, onde o comércio e restauração detinham o maior número de marcas e unidades franchisadas.

Outra tendência recente, tem sido o desenvolvimento de redes low-cost, apresentando actualmente 29% das marcas investimentos abaixo de 30.000EUR. Muitos conceitos desenvolvem-se no modelo “one men, one business”, trabalhando o franchisado a partir de casa, com custos fixos quase inexistentes, sendo os proveitos obtidos lucro do próprio, quase na totalidade.

Constato nestes estudos recentes sobre o sector, que quase metade das redes (42%), têm menos de 10 unidades franchisadas de negócio. Este é um sinal de preocupação, o que significa falta de consolidação das marcas no mercado. Tem-se verificado uma rotação elevada de marcas no mercado (saídas do mercado), cujos factores são normalmente a falta de dimensão das redes, tornando inviável o negócio para Franchisador e Franchisados. Uma marca que não cresce, morre a prazo. Esta é uma verdade incontestável, pois o franchising significa visibilidade, notoriedade da marca, consolidação da rede e também um franchisador capaz de acompanhar ao longo do tempo o investimento necessário para manter e dinamizar a rede. Uma marca que não cresce, impossibilita o franchisador de obter os meios financeiros necessários (via royalties), para o desenvolvimento e promoção do negócio. Por outro lado, torna-se também necessário a existência de aberturas de novas unidades na marca para cobrir regiões onde a marca não está representada e também para substituir franchisados que por diferentes motivos não atinjam os objectivos, renovando a marca através de novos empresários franchisados e com o perfil adequado.

Uma tendência que se tem vindo a verificar é a Internacionalização das marcas Portuguesas. Para o desenvolvimento de Portugal, esta tendência deveria caracterizar o franchising nacional nos próximos anos, pois as marcas devem olhar para o mercado global, e não apenas para o pequeno mercado interno. No entanto, tenho uma forte e séria preocupação que esta tendência desejável não se concretize, pelo facto de as marcas em média não terem hoje a dimensão em Portugal que permita suportar essa internacionalização. Por outro lado não existe uma verdadeira política económica de ajuda a essas empresas na sua Internacionalização e exportação. A Internacionalização das marcas permite que a rede atinja maior visibilidade, desenvolva melhores práticas e consolide o seu know-how, ao receber e incorporar conhecimentos obtidos a nível global.

Por sectores do franchising, na minha opinião, a tendência de crescimento nos próximos anos, continuará positiva no sector dos serviços. Estarão em alta serviços pessoais, tais como ensino e serviços infantis, saúde e cuidados a idosos, estética, beleza e cuidados pessoais e serviços ao domicílio (tais como limpezas e reparações domésticas), os quais verão expandir novas marcas e unidades franchisadas. Igualmente os serviços financeiros e serviços especializados a empresas serão uma realidade cada vez mais forte no franchising em Portugal.

Por fim, e marcando as tendências actuais e futuras, gostaria de reafirmar a internet e redes sociais (facebook, linkedin, twitter, etc.) como uma realidade em que todas as marcas devem dar a relevância necessária. Não se trata apenas de publicitar, mas sim de comunicar e criar uma rede de fãs e seguidores clientes da marca. Uma tendência de futuro, será as marcas terem forte presença através de dispositivos portáteis (ex: smartphones, iphone e ipad), em que o consumidor cada vez mais deverá ter acesso à marca através do telemóvel.

Por Pedro Santos, Administrador Grupo Onebiz
pedro.santos@onebiz.pt